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quinta-feira, maio 2, 2024

Moradora de favela em São Gonçalo cria cinco filhos vendendo botijões de gás a bordo de moto

A entregadora do Rocha pronta para mais um dia de batalha pela sobrevivência (Fotos: arquivo pessoal)

Enquanto o isolamento social já batia à porta dos moradores de São Gonçalo, Daiane Regina Rodrigues Paulo, de 34 anos, continuava seguindo a sua rotina: depois de despertar com o sol, dava um beijo em cada um dos cinco filhos (quatro meninos e uma menina), tomava café, se maquiava, colocava luvas, capacete, máscara de proteção contra a Covid-19, enchia as mãos com álcool em gel e, montada em sua Honda CG 99, partia para mais um dia de trabalho como entregadora de botijões de gás.

Veja a trabalhadora em ação:

Era março de 2020, quando o coronavírus chegou sem pedir licença na vida das pessoas e a moradora do Morro Menino Deus, no Rocha, decidiu arrumar um trabalho para ajudar o marido Carlos Henrique a cuidar da família, que foi afetada, como tantas outras, pela pandemia.

De entrega em entrega nos lares da cidade (ela vende uma média de 20 botijões por dia), a vendedora ficou famosa pela garra e pelo sorriso que, apesar das adversidades do dia a dia, sempre a acompanha quando ronca o motor na porta dos clientes.

“Foi uma surpresa quando vi uma mulher linda, maquiada, com um sorriso encantador no rosto e uma força impressionante chegando de moto e me entregando um botijão de gás aqui em casa”, elogiou a auxiliar de serviços gerais Cláudia Efigênia da Silva, de 51 anos.

E a cliente completou: “Ela sempre faz as entregas sorrindo. É sua marca registrada”.

A vendedora no depósito

O sorriso aberto e cativante é só uma das armas de Daiane Regina para enfrentar a vida difícil de quem estudou somente até o quinto ano no Colégio Moura e Silva, em Nova Cidade. Para ter comida em casa, ela chegou a capinar terrenos ao lado do marido no bairro Bambuí, em Maricá, onde moravam antes de mudar para São Gonçalo.

“Nunca fui de correr de trabalho. Já rocei mato, capinei quintal, fui auxiliar de cozinha, cozinheira, saladeira, auxiliar de serviços gerais, fiz de tudo um pouco nessa vida”, orgulha-se.

Trabalhando para o depósito Ebenezer Gás de segunda a sábado, das 8h às 17h, e aos domingos, das 8h às 14h, a rotina de Negona, como é chamada pelos vizinhos na Travessa 8, no Menino Deus, é encarar a vida de frente e nunca desistir de seus ideais.

Acidente grave não freou sua determinação 

Nem mesmo a perda do freio da motocicleta na descida de uma ladeira no Morro do Escadão, no Galo Branco, em setembro do ano passado, a fez desistir de atuar na atividade. O choque violento da moto contra um muro quase lhe custou a vida.

“Ficar sem freio, bater numa parede, quebrar o farol e ficar um pouco machucada não foi nada. Para dar de comer aos meus filhos, eu acelero minha determinação, não freio meu sonho, não bato de frente com as dificuldades, não quebro a promessa de lutar por eles e não machuco ninguém”, afirmou.

O Lado de Cá conversou sobre ela com Silvio Júnior Moreira de Barros, de 42 anos, que é um dos entregadores de gás mais experientes de São Gonçalo, com 21 anos de estrada.

“Depois de tantos anos trabalhando nisso, é a primeira vez que vejo uma mulher desempenhando um serviço braçal que é para homens. Estou impressionado com a dedicação e com a alegria dela. Que disposição! Que sorriso!”, disse Silvio.

Para comprar um botijão de gás e receber o sorriso desta vendedora como brinde, Daiane Regina divulga os telefones 3242-4085, 99246-9409 e 99478-1549. O botijão custa R$ 80 e ela ainda aceita cartão.

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