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segunda-feira, maio 20, 2024

1970: A taça do mundo é nossa e para sempre

Por Marcos Vinicius Cabral

A Copa do Mundo em solo mexicano revolucionou o mundo. A começar pelos meios de comunicação, que deram um salto enorme de qualidade. Pela primeira vez, a competição pode ser transmitida via satélite, em cores e ao vivo pela TV (embora a maioria ainda em preto e branco).

Outras mudanças importantes foram feitas neste Mundial, como o sistema de substituição de jogadores (máximo de dois atletas substituídos por jogo) e o surgimento dos cartões amarelos e vermelhos.

Mas o que marcaria essa edição do evento mais importante do planeta seriam as mudanças importantes e necessárias para o Brasil dentro da competição.

Convencer Pelé a disputar essa Copa era uma delas. A outra seria no comando, após o então treinador João Saldanha brigar com a imprensa esportiva e com o novo presidente, o general Emílio Garrastazu Médici, que pedia a convocação do centroavante Dario.

“O presidente escala o ministério, a Seleção Brasileira escalo eu”, teria dito o comandante da equipe brasileira em alto e bom som.

Depois do episódio, o ambiente na Seleção se deteriorou. Faltando 90 dias para o começo da Copa, o Velho Lobo Zagallo assumia o Brasil.

A taça do mundo é nossa – Mesmo caindo em um grupo muito difícil – Inglaterra, Romênia e Tchecoslováquia – e vivendo um momento conturbado politicamente, diante dos tchecoslováquios, um acachapante 4 a 1, era a estreia de quem começava a construir um caminho que levaria a equipe longe.

Na partida seguinte, O Furacão da Copa – como tornou-se Jairzinho – assegurou a vitória contra a Inglaterra, no jogo em que teve a cabeçada espetacular de Pelé para a defesa não menos espetacular do goleiro Gordon Banks.

No último jogo da fase de grupos, Pelé mostrou seu repertório contra a Romênia e fez dois gols na vitória por 3 a 2.

Um 4 a 2 contra o Peru nas quartas de final e a semifinal seria contra o Uruguai. O fantasma de 1950 havia ficado no Maracanazo e com gols de Gérson, Pelé e Rivellino, os 3 a 1 foram uma colher de cal no túmulo do time celeste.

O Brasil estava na final e era contra a Itália, campeã europeia em 1968, que passou pela primeira fase com dificuldade, com uma vitória e dois empates, antes de vencer México e depois a Alemanha. No Estádio Azteca, para um público de 107 mil pessoas, o 21 de junho se tornaria histórico, pois era o encontro de dois bicampeões mundiais: Brasil x Itália!

A vitória veio mas aos 42 minutos da segunda etapa. Carlos Alberto Torres, após uma das mais belas jogadas das histórias da Copa, fuzilou de primeira e decretou a vitória do Brasil por 4 a 1.

O Brasil era tricampeão Mundial de futebol e a bola coroava um Rei aos 29 anos de idade e com mais de mil gols marcados.

Curiosidade – A Copa de 70 foi a primeira assistida ao vivo pelos brasileiros.

Fato histórico – Foi em 1969, que o General Emílio Garrastazu Médici assumiu o governo do país, iniciando o duro momento de repressão da ditadura militar do Brasil.

País-sede – México

Classificação final –

Brasil – Campeão
Itália – Vice-Campeã
Alemanha Ocidental – 3º lugar
Uruguai – 4º lugar
União soviética – 5º lugar
México – 6º lugar
Peru – 7º lugar
Inglaterra – 8º lugar
Suécia – 9º lugar
Romênia – 10º lugar
Bélgica – 11º lugar
Israel – 12º lugar
Bulgária – 13º lugar
Marrocos – 14º lugar
Tchecoslováquia – 15º lugar
El Salvador – 16° lugar

Mascote – O primeiro mascote humano foi o garoto Juanito, com uniforme mexicano e sombreiro.

Artilheiro – Após balançar as redes por 10 vezes e ser considerado o terceiro na lista dos jogadores que mais marcaram em uma mesma edição de Copa do Mundo, Gerd Müller dispensa apresentações. Apelidado de O Bombardeiro, é considerado um dos melhores atacantes da história do futebol alemão.

Craque – Com lances fantásticos e imortalizados até hoje, o Rei do Futebol encerrou com chave de ouro sua participação em mundiais. Aos 29 anos, só faltou fazer chover no México, e o tricampenato veio consolidar a majestade inalcançada.

Frase – “Noventa milhões em ação / Pra frente Brasil / Do meu coração/ Todos juntos vamos /Pra frente Brasil / Salve a seleção / De repente é aquela corrente pra frente / Parece que todo Brasil deu a mão / Todos ligados na mesma emoção/ Tudo é um só coração / Todos juntos vamos / Pra frente Brasil, Brasil / Salve a seleção…” (Letra de “Pra Frente Brasil”, de Miguel Gustavo, hino oficial da seleção na Copa do Mundo)

Zebra – O curioso é que, na vitória apertada sobre a Suécia e nos empates contra Uruguai e Israel – vexame presenciado por menos de 10 mil pessoas – a Azurra cresceu e encontrou forças para chegar à final. Mas até hoje ninguém esquece o empate por 0 a 0 para a fraca Israel.

Bola – As cores preta e branca predominaram pela primeira vez em uma Copa do Mundo. Com 32 gomos e em hexágonos brancos e pretos, a visibilidade se tornou melhor na TV.

Cobertura – A consagração do Rei Pelé ao vivo não teria sentido sem a TV, que fez sua estreia definitiva naquele Mundial. Atribui-se ao americano Philo Taylor Farnsworth ser o inventor da TV.

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