Durante evento no Ministério Público do Rio (MPRJ), foi divulgado que o impacto da Covid-19 representou um acréscimo de 20% nos óbitos nas prisões do Estado, sendo esta ainda hoje uma das principais causas da morte de presos mesmo após a vacinação. O dado é resultado de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em cooperação técnica com o MP.
“Foi uma pesquisa grande, na qual precisamos construir todo um banco de dados, o que requereu um trabalho quase artesanal”, destacou Alexandra Sanchez, pesquisadora da Fiocruz.
Entre outros assuntos, também foram relatadas as principais dificuldades na obtenção de dados devido à alteração das responsabilidades para a declaração do óbito de pessoas privadas de liberdade durante a pandemia, ao lado da ausência de marcadores nas declarações de óbito que permitam identificar que se tratava de pessoa custodiada pelo estado.
A pesquisadora também alertou para o fato de que as doenças infectocontagiosas curáveis seguem figurando entre as principais causas das mortes dentro das prisões, o que aponta, por um lado, para a existência de deficiências no atendimento à saúde nos seus diversos níveis de atenção e, por outro lado, para a possibilidade de diminuição sensível do quadro de mortes a partir da adoção de processos e rotinas básicas do atendimento em saúde pelo SUS.
Ao final, o evento ainda contou com uma roda de debates para a discussão do tema, com mediação do promotor de Justiça Tiago Joffily, que também participou como debatedor.
