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domingo, abril 28, 2024

“O cachorro que se recusou a morrer” chega na Teatro Popular

Foto: Divulgação / Cultura Niterói

Um espetáculo carregado de memórias afetivas, histórias de imigração e choque cultural. O espetáculo “O cachorro que se recusou a morrer”, de Samir Murad e Delson Antunes, chega ao Teatro Popular Oscar Niemeyer para uma curta temporada. Quinta-feira, sexta-feira e sábado, dias 09, 10 e 11 de fevereiro, Niterói vai poder se emocionar com a história de um imigrante libanês.

A trama resgata a figura do caixeiro viajante, personagem real que povoa o imaginário popular do interior do Brasil e é muito representado em obras da literatura, do cinema e da dramaturgia. Por meio desse personagem, interpretado por Samir Murad, a peça explora memórias e histórias contadas pelo pai do ator: um imigrante libanês em sua luta pela sobrevivência numa terra estranha.

A encenação traça um paralelo entre o mascate andarilho e o ator mambembe de rua. Os dois, que tem sua origem em tradições de mercadores do Oriente e na história de contadores ambulantes do teatro, carregam em suas malas conteúdos para vender ao público. Conflito, êxodo, o novo mundo, casamento por encomenda e saúde mental são temas que o ator, como um mascate andarilho, oferecerá à plateia. Dessas referências nasce um contato intimista e revelador entre artista, teatro e espectador.

A inspiração para os tópicos surgiu da história do próprio ator e de sua família. O casamento arranjado de seus pais afetou não só a si mesmo, mas também sua irmã mais velha. Além da memória de Murad, depoimentos do pai, gravados antes do mesmo falecer, também contribuem para enriquecer a peça e a veracidade dos assuntos em pauta.

Na prática, o que o autor leva para o palco são conflitos que vivem em cada um de nós. Por meio de recursos cênicos despojados e pelo trabalho de corpo e voz do ator, a produção resgata os sentimentos do público. Oscilando entre drama e humor, o texto traz para o foco uma cultura machista, forjada em dogmas religiosos que até hoje permeiam a maioria dos lares brasileiros.

Em alguns momentos, projeções mesclam imagens criadas com fotos reais antigas, assim como da casa onde tudo se passou, acentuando o clima dos escombros da memória. A forte presença da trilha sonora, marca a cultura árabe familiar. Não faltam ao espetáculo os gestos, a mímica e as pantomimas que emprestam emoção à palavra.

“Quero lhes apresentar essa história porque acredito que ela cumpre a função essencial do Teatro: emocionar e provocar uma reflexão sobre a condição humana. Depois da trilogia Teatro, Mito e Genealogia – a partir de uma pesquisa de linguagem cênica, baseada em conceitos e práticas teatrais de Antonin Artaud –, representada pelos meus trabalhos anteriores: Para Acabar de Vez com o Julgamento de Artaud (2001); Édipo e seus Duplos (2018); e Cícero – A Anarquia de um Corpo Santo (2019), proponho com O cachorro que se recusou a morrer uma nova forma de narrativa, mais simples, mais contida e essencial. Meu foco, aqui, é a alma do texto. O diálogo com o público. Por trás de uma cena de família (da minha família), muitos aspectos da cultura árabe – alguns deles em gritantes conflitos com os costumes brasileiros – precisam ser revisitados. Começando pela submissão da mulher, a intolerância religiosa, o poder tribal do patriarca”, declara Samir Murad.

A peça é patrocinada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2, com apoio do Teatro Popular, por meio da Prefeitura de Niterói e Fundação de Arte de Niterói.

Serviço

Evento: espetáculo “O cachorro que se recusou a morrer”
Data: 09, 10 e 11 de fevereiro de 2023
Horário: Quinta, sexta e sábado, às 20h
Evento gratuito
Classificação: 10 anos

Local: Teatro Popular Oscar Niemeyer
Endereço: R. Jorn. Rogério Coelho Neto, s/n – Centro, Niterói – RJ

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