No sexto dia da série de entrevistas com os prefeitáveis de São Gonçalo, o Lado de Cá conversa com o servidor público Isaac Ricalde (PCdoB), de 35 anos, o mais jovem candidato ao cargo nas eleições municipais. Em 1998, desembarcou em São Gonçalo vindo de Porto Alegre e já teve que enfrentar um dos principais problemas do município: as enchentes. A imagem do bairro Vila Lage castigado pelas fortes chuvas não saíram da cabeça do então menino de apenas 12 anos. Passados vinte e dois anos, ele continua morando em São Gonçalo e diz que quer mudar a política praticada no município.
Lado de Cá – Por que o senhor quer ser prefeito de São Gonçalo?
Isaac Ricalde – A gente tem aqui uma elite que dirige a cidade há muito tempo, com alternância de figuras, mas com as mesmas práticas políticas. Falta capacidade e disposição de pensar a cidade a longo prazo, de planejar uma cidade diferente. Eu sou muito exigente, gosto do resultado. Acredito que se você se propõe a fazer algo, tem que fazer bem feito. Quero ser prefeito porque eu acredito que a gente precisa de fato renovar as práticas políticas na cidade. Acredito que São Gonçalo pode ser uma cidade melhor para se viver!
Lado de Cá – São Gonçalo é uma cidade com muitos problemas, como falta d’água tratada para 130 mil pessoas, segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a educação é uma das piores de todas as cidades avaliadas, não há emprego e a violência é diária. Como o senhor pretende resolver isso?
Isaac Ricalde – Acredito que o caminho seja estimular a economia da cidade. São Gonçalo arrecada pouco porque tem baixo dinamismo econômico, isso gera serviços público de baixa qualidade na ponta, hoje a gente não consegue oferecer crédito para população, não consegue oferecer saúde de qualidade, educação de qualidade, não consegue valorizar o poder público, não consegue garantir água nas torneiras das pessoas. A população tem muitas necessidades, mas eu acho que a gente tem hoje uma raiz, que é a necessidade da gente desenvolver a economia da cidade para gerar emprego e geração de renda para as pessoas, para que eles possam trabalhar aqui na cidade, para que elas possam consumir na cidade, movimentar a roda econômica e que com isso a prefeitura consiga também arrecadar mais e oferece serviços de melhor qualidade. Isso é um movimento estratégico, é pensar a cidade no longo prazo é pensar na cidade para frente, a cidade do futuro.
Lado de Cá – O senhor é o candidato mais jovem dentre os outros oito candidatos a prefeito. Não acha que isso possa vir a atrapalhá-lo?
Isaac Ricalde – Não. Sou servidor público há quase 10 anos, tenho um bom conhecimento sobre a cidade e da realidade local, acho que eu conheço melhor que meus adversários inclusive. Acredito que exatamente por ser o mais jovem, é que é possível fazer uma mudança geracional na política, os que estão aí já tiveram a oportunidade e não fizeram nada.
Lado de Cá – O senhor é de Porto Alegre, chegou aqui em 1998 aos 12 anos de idade e viveu logo de cara o problema da chuvas quando sua casa no Vila Lage foi inundada. Como resolver esse problema na cidade?
Isaac Ricalde – São Gonçalo tem um grande acúmulo de problemas relacionados à infraestrutura. Nosso governo aplicará um plano de obras públicas que, além de avançar na resolução dos problemas, vai gerar milhares de empregos. Terão prioridade as áreas de saneamento básico, pavimentação, combate aos alagamentos e habitação. Este plano será financiado com recursos do Banco Mundial e/ou outros organismos internacionais ou mesmo através de linhas de crédito nacionais.
Lado de Cá – Qual a mensagem que o senhor quer deixar para os 1.091.737 gonçalenses?
Isaac Ricalde – Esses dias me perguntaram o que me deixava triste, e o que me deixava feliz. Achei interessante a pergunta, não precisei pensar duas vezes para respondê-la, que me causa uma emoção de tristeza, é ver gente trabalhadora, que se esforça de fio a fio passando tanta dificuldade na vida, isso de fato é um negócio que me deixa muito triste, o produto da injustiça, mas o que me recarrega, o que me deixa feliz, é a esperança de que a gente consegue mudar um pouco isso, a certeza de que pode ser diferente. A cidade que sonhamos, aquela que é desenvolvida, próspera, bonita, bem cuidada, segura e boa de se viver, ela pode acontecer. A nossa candidatura é um instrumento a serviço deste sonho coletivo. Eu quero que todos possam viver nessa cidade, nós merecemos!
