Com unanimidade, Anvisa nega importação da vacina russa comprada por Niterói e Maricá

Antônio Barra Torres, diretor-presidente da Anvisa, na reunião em que foram vetados o uso, a importação e a distribuição da vacina russa (Reprodução de vídeo)

Em reunião extraordinária nesta segunda-feira (26), técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) votaram de forma unânime para que a autarquia não libere o uso emergencial e a importação da vacina russa Sputnik V. Entre as justificativas estão a falta de relatórios específicos sobre os testes da vacina e o perigo de o adenovírus usado na vacina para carregar o material genético do coronavírus se replicar e infectar órgãos e tecidos. As prefeituras de Niterói e Maricá haviam manifestado interesse em importar o imunizante.

“Existe grande potencial de liberação de vacinas que não sejam semelhantes às estudadas no estudo clínico e que apresentem problemas. Um ponto de grande preocupação para a Anvisa é a ocorrência de adenovírus replicantes na fórmula, explicou o relator do processo Alex Machado Campos.

Os relatórios também citam as unidades industriais sem certificação divulgadas ou confirmadas, que vão ser utilizadas como linhas de produção, e que, dos 28 países com contratos, 23 não iniciaram a vacinação. No geral, a falta de documentos técnicos, que segundo os funcionários da Anvisa são de grande importância na análise das normas sanitárias e de saúde pública para o parecer, formam o conjunto de impedimentos para uma decisão favorável aos pedidos de liberação de uso e importação da vacina.

Os técnicos falaram por cinco horas. Os relatórios divulgados informaram que os setores responsáveis da agência fizeram buscas e contatos com várias autoridades de diversos países para tentar achar o relatório técnico principal com as informações relevantes do imunizante e seus fabricantes, mas nada foi encontrado. Nem os contatos com o governo da Argentina, que já está usando o imunizante, revelou detalhes técnicos da vacina.

Técnicos da Anvisa que estiveram na Rússia não foram autorizados a visitar o laboratório Gamaleya (Divulgação)

Segundo a Anvisa, as informações conseguidas com os técnicos brasileiros que visitaram a Rússia na semana passada foram parciais e ainda com parecer negativo. A visita ao laboratório Gamaleya, responsável pelo controle de qualidade, foi vetada e outras instalações não atendem as normas de segurança. (das sete visitas previstas, apenas três foram autorizadas).

A decisão da Anvisa foi unânime e o resultado vai ser encaminhado para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Até o momento são 14 estados, além de Niterói e Maricá, que estão tentando importar a vacina russa.

O perfil da Sputnik V postou no Twitter nesta segunda-feira (26) mensagens citando a pressão do governo norte-americano contra a vacina.  Oa russos também alegaram que que a Anvisa recebeu mais documentos do que outros 61 países para autorizar a vacina.

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