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segunda-feira, maio 6, 2024

Maracanã 70 anos: Torcedores de Niterói e São Gonçalo contam suas histórias no estádio

Na dia 16 de junho, o Maracanã fez 70 anos de vida.

Foi no Maracanã que Pelé marcou o primeiro gol dele na Seleção contra a Argentina pela Copa Roca em 1957 e o seu milésimo doze anos depois contra o Vasco, defendendo o Santos.

Foi no místico estádio que Roberto Dinamite ‘explodiu’ pela primeira vez em 1971 contra o Internacional, confirmando o apelido criado anos antes por dois jornalistas do Jornal dos Sports, Eliomário Valente e Aparício Pires, ambos vascaínos, quando o camisa 10 já se destacava nos juvenis.

Foi no ex-maior estádio do mundo que Zico fez 334 gols e parou de jogar em fevereiro de 1990.

Foi nas tardes de domingo no Maracanã que Garrincha fez a alegria do povo e Assis e Washington fizeram sucesso como uma das duplas mais lembradas na história tricolor.

Mas foi no Maracanã que quatro torcedores, um representando cada clube, contaram suas experiências inesquecíveis vividas no estádio.

Morador do Fonseca em Niterói, o vascaíno William Neves, contador de 49 anos, lembrou do ídolo Roberto Dinamite.

“Tenho bons motivos para recordar do Maracanã, mas a volta de Roberto ao Vasco foi para lá de especial. Em um jogo memorável ele fez 5 gols contra o Corinthians. Lembro inclusive, que meu pai me levou com meu irmão e um primo, e aí ficamos correndo na arquibancada dando voltas, pois sempre chegávamos cedo, e quando começou o jogo foi emocionante demais”, conta.

Outro que sempre lembra do aniversariante do dia é Ricardo de Oliveira, 57 anos, funcionário público e morador do Bairro de Fátima, em Niterói.

“Um momento inesquecível, entre tantos, foi em um domingo de Páscoa em 1981, quartas de final do Brasileiro, contra o Flamengo de Zico, que logo aos 4 minutos fez 1 a 0 gol de Zico e empatamos com Mendonça de cabeça, após cruzamento de Perivaldo. No intervalo, aconteceu o que nunca vi, em mais de 40 anos frequentando o Maracanã. A nossa torcida ficou cantando o tempo todo, parecia que ninguém foi ao banheiro, ninguém foi no bar e que ninguém saiu do lugar. Foram mais ou menos 15 minutos cantando o hino, músicas da época e bandeiras alvinegras sendo tremuladas. Ganhamos por 3 a 1, com Mendonça marcando um gol espetacular dando um drible desconcertante em Júnior. Naquele dia em especial, a sensação foi que Davi havia derrotado Golias”, relembra.

Para o rubro-negro Luiz Antônio Lorosa, metalúrgico de 54 anos, o Tricampeonato Brasileiro não sai da sua mente.

“Na decisão do Brasileiro de 83 entre Flamengo e Santos, eu e meu amigo tricolor Flávio Tuchê, fomos ao Maracanã. Nunca havia visto o estádio tão cheio, tanto que foi o maior público de todos os brasileiros, quase 155 mil pessoas. Chegamos já ‘turbinados’ e ficamos atrás do gol do lado onde ficam as torcidas organizadas. O primeiro gol, aos 40 segundos de jogo, fez a torcida explodir. Quando a adrenalina foi passando e aquele mar de gente se acomodando nas arquibancadas, estávamos em outro lugar e não tinha como ficar parado. Assim foi a cada gol em lugares diferentes. Era muito bom quando não existia divisão por setores e sinto saudades da geral, que falta faz. Bons tempos”, recorda.

Enquanto o tricolor Augusto César da Encarnação, 56 anos, autônomo, conta uma história engraçada:

“Uma história legal de tantas que passei no Maracanã foi 1984, Fluminense Campeão Brasileiro em cima do Vasco, no segundo jogo. Era um belo domingo, e lembro que minha irmã nunca tinha ido ao estádio, então a levei. Quando terminou a partida, no auge da comemoração a caminho do ônibus que era alugado, me deparei com a falta de minha irmã. Simplesmente eu tinha esquecido ela no estádio quando fui para a comemoração nos arredores do estádio. Depois de tê-la encontrado, lembro de Flávio, que também estava comigo, descendo de um Corsa em movimento e ao cair, ralar as mãos. Ficamos preocupados e ele simplesmente compra um limãozinho, joga um pinguinho em cada mão e bebe o restante”, diz aos risos.

Seja na alegria ou na tristeza, o Maracanã continua produzindo recordações nos torcedores.

Construção

Era 1938, quando Jules Rimet, presidente da Federação Internacional de Futebol (FIFA), visitou o Rio de Janeiro e aceitou a candidatura da cidade para sediar doze anos depois a Copa do Mundo.

O quarto campeonato mundial de futebol, o primeiro depois do fim da II Guerra Mundial, necessitava de um grande estádio.

A obra iniciada em 1948, levou quase dois anos para ser concluída e estima-se que o seu custo foi de Cr$ 250 milhões de cruzeiros, equivalente a R$ 0,01 nos dias atuais.

De acordo com o IGT (Intelect Gerenciamento Financeiro) que fez a conversão dos valores da época para os dias atuais, a construção saiu praticamente de graça.

Curiosidades

Primeiro jogo e maior público

Na Copa do Mundo de 1950, a final entre Brasil e Uruguai, o público oficial divulgado foi de 199.854 torcedores, apesar de algumas pessoas garantirem que havia, pelo menos, mais 20 mil pessoas lá dentro para assistir ao que ficou conhecido como ‘Maracanazo’ nome dado à derrota brasileira por 2 a 1 na decisão.

De onde veio o nome popular do estádio?

Maracanã vem do tupi, que significa “maracá” = chocalho e “nã” = semelhante. A expressão designa o som de um pássaro da família Psittacidae, presente em várias regiões do País. Ele é da família do papagaio, jandaia e arara. No local onde foi construído o estádio, havia um bando de ‘maracanãs’.

Quem mais marcou?

O maior artilheiro do estádio foi Zico. O galinho marcou 334 gols em 435 jogos no Estádio. Outros nomes como Pelé, Roberto Dinamite e Romário também deixaram suas marcas por diversas vezes no ‘gigante do futebol’.

Pelé, inclusive, marcou seu milésimo gol no local, de pênalti, no jogo do Santos contra o Vasco. O duelo aconteceu no dia 19 de novembro de 1969, uma quarta-feira, e o tento histórico do ‘Rei” saiu às 23h23, diante de 65.157 pagantes.

Shows no estádio

Fora o futebol, o estádio já recebeu diversos shows. O primeiro concerto foi em 1980. Frank Sinatra se apresentou para cerca de 170 mil pessoas. Em 1983, a banda Kiss passou por lá também e tocou para 250 mil pessoas.

Tina Turner, Xuxa, Paul McCartney, Backstreet Boys, The Rolling Stones, Ivete Sangalo, Foo Fighters, Coldplay, The Police, RBD e o conjunto gospel Diante do Trono também se apresentaram no Maracanã. O festival ‘Rock in Rio’também já aconteceu no local.

Finais de Copa, Mundial de Clubes e outros eventos
Cerimônia de abertura dos Jogos Rio 2016

Além da final entre Brasil e Uruguai na Copa de 1950, o Maracanã foi o palco de seis jogos do Mundial de 2014 e da decisão, entre Argentina e Alemanha. Os alemães levaram a melhor e venceram por 1 a 0 para um público de 74.738 pessoas.

Em 2000, Vasco e Corinthians fizeram a final do primeiro mundial organizado pela Fifa. Nos pênaltis, o time paulista levou a melhor e venceu por 4 a 3.

No Maracanã também aconteceu a cerimônia de abertura e encerramento dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e também dos Jogos Olímpicos de 2016. E o gol de Neymar na final diante da Alemanha garantiu a primeira medalha de ouro na história do futebol masculino brasileiro.

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