Quatro dos dez homens mortos recolhidos por moradores em uma área de mangue, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, estavam usando roupas camufladas, segundo a Polícia Militar. Seis dos dez homens, cujos corpos foram enfileirados num terreno baldio no início da manhã desta segunda (22), haviam sido identificados. Um não tinha passagens pela polícia.
O porta-voz da PM, tenente-coronel Ivan Blaz, a quadrilha se preparou para enfrentar os agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
“As vestimentas desses que estão sendo retirados são camufladas. Esse resultado (dez mortos) não é esperado em um mundo civilizado”, disse Blaz.
Blaz declarou que Rabicó, chefe do tráfico local, “foi posto em liberdade em 2019 e hoje investe duramente contra a sociedade. Esse marginal protagonizou inúmeras cenas de banho de sangue que nós tomamos ciência”.
Moradores relatam torturas
Moradores do bairro Palmeiras afirmam que a operação do Bope foi uma chacina. Os corpos, que foram retirados do manguezal pelos moradores, eram enfileirados e cobertos por lençóis na Rua Pedro Anunciato da Cruz.
“Os corpos estão todos jogados no mangue, com sinais de tortura. As pessoas, umas jogadas por cima das outras. Estava com sinal totalmente de chacina mesmo”, relatou um morador da localidade.
“Muito conhecido da gente aqui morreu. A gente estava gritando no mangue para ver se consegue tirar, mas todos mortos”, relatou outra senhora.
“As mães estão entrando dentro do mangue. Com o mangue acima do joelho para poder tentar puxar os corpos”, denunciou outra moradora do complexo.
A Defensoria Pública do RJ afirmou, em nota, ter recebido “relatos sobre a violenta operação no Complexo do Salgueiro” e comunicou o fato ao Ministério Público, “para a adoção de medidas cabíveis a fim de interromper as violações”.
Caso será investigado pela Polícia Civil
Segundo o delegado que apura os responsáveis pelas dez mortes, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Bruno Cleuder, a polícia civil irá investigar o motivo de a Polícia Militar não ter comunicado o fato à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI).
