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sexta-feira, abril 26, 2024

‘Benito di Paula’ de São Gonçalo faz sucesso com composições próprias na Argentina

Advogado bem-sucedido, vez ou outra Arnaldo França Quaresma, de 67 anos, é parado nas ruas de São Gonçalo tamanha semelhança com o cantor Benito di Paula.

“Bastava chegar em qualquer lugar que as pessoas logo me pediam para cantar alguma música dele”, diverte-se.

Mas se ser confundido com o autor de sucessos como ‘Charlie Brown’ ou ‘Retalhos de Cetim’ tem seu lado negativo, fama, aparecer na TV e se apresentar no Nordeste do Brasil e na Argentina, são pontos positivos na história de Arnaldo.

Não foi por acaso que a música entrou muito cedo na vida do gonçalense do Porto Velho.

“Não gostava de música, por incrível que possa parecer. Quando estudante, matava a aula, e, por causa do uniforme bonito que era fornecido aos integrantes da banda, resolvi entrar”, relembra do saudoso colégio Henrique Lage, no Barreto, em Niterói.

Em tempos de ‘vacas magras’, Arnaldo virou Cezar di Paula e se apresentava nos fins de semana na pracinha de Neves, em Niterói, em um programa de calouros que era patrocinado pela Rede dos Pescadores, um supermercado da época.

Ele recebia alimentos não perecíveis como pagamento e voltava a pé para casa no Colubandê, naqueles anos 1960, carregando os mantimentos.

“Época boa. O programa era transmitido pela Rádio Federal, que foi a primeira AM de Niterói. Hoje, é a Maldita do Fluminense, se não me engano”, conta.

Com cabelos longos desde a infância (uma promessa feita por dona Elza, a mãe) que só deixariam de render brincadeiras quando Benito di Paula, que tentava a sorte no Rio em 1974, explodia no cenário musical.

“Sinceramente, não me considero sósia de Benito di Paula. Isso partiu das pessoas, é bom que fique claro! ” , avisa.

Cantor da noite nas principais casas noturnas da cidade, era atração no extinto Espelho Mágico, no Colubandê.

“Aquilo era uma loucura. Eu saía de trás de uma cortina, cantava cinco músicas dele (Benito), ganhava meu dinheiro e ia embora para casa”, revela aos risos.

Enquanto os cabelos e a carreira cresciam, em 1980, gravou duas músicas em um compacto simples com 500 cópias e nove anos depois, lançou a AF Quaresma Gravações e Produções Artísticas para produzir os próprios discos.

Certa vez, o amigo Roberto Soares, segundo Cezar, muito parecido com o cantor Sérgio Reis, teve a ideia, e sugeriu ao gonçalense para se apresentar e cantar os sucessos de Benito di Paula em programas de calouros.

“Foi o que fiz. Aí, veio a primeira mudança em 1983, quando montei a própria banda e parei com os calouros”, diz lembrando que rodava nas fazendas de Rio Bonito ao Clube Tamoio se apresentando.

Mas esse não era o seu objetivo profissional, pois apesar de cantar bem, era sempre criticado por se aproveitar do cantor que era sucesso nos quatro cantos do país e pegar carona em sua fama.

“Fui muito criticado. Diziam que eu me aproveitava do Benito. Aí foi a minha virada: saí do personagem e fui batalhar com as minhas próprias composições”, gaba-se.

Nessa batalha, conheceu em 2002 um empresário da cidade que se encantou com seu talento nas composições próprias e foi parar na Argentina.

“Tem um colégio argentino que ensina a língua portuguesa através da minha canção ‘ Lá do Alto do Morro’, música de trabalho do meu quarto CD”, diz o artista que já vai para o nono disco em breve.

No fim dos anos 1980, foi na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro e patenteou seu nome artístico após muita resistência.

“Queria que fosse Cezar com S e não com Z. Mas como havia um monte de artista com S, fui de Z mesmo”, conta aos risos.

Confinado em casa em virtude do isolamento social da Covid-19, Cezar passa o dia ouvindo suas músicas e buscando inspiração para lançar seu próximo CD.

“Quando essa epidemia passar vou voltar a excursionar pelo país, pois estou aposentado, mas vivendo mesmo de direito autorais”, conclui.

 

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