Veterano em disputas eleitorais na cidade desde a década de 90, seja para o legislativo ou o Executivo, Josemar Carvalho, o Professor Josemar (PSOL), nunca foi eleito, mas pretende ‘encarar’ mais uma vez o voto dos gonçalenses, como pré candidato à sucessão do prefeito José Luiz Nanci. Professor Josemar que começou a militar no movimento estudantil, e teve passagem pelo PT antes de ingressar no PSOL, tem como prioridade a defesa de propostas para o setor de Educação. Em entrevista ao ‘Lado de Cá’, Josemar afirma, que mesmo com os efeitos negativos da pandemia de coronavírus, caso sua candidatura seja confirmada e ele seja eleito prefeito, há condições de realizar investimentos na cidade, não só na Educação, como na saúde e infraestrutura.
Lado de Cá – Há dois anos o senhor teve 19 mil votos nas eleições para deputado estadual, em 2018, ficando como suplente por seu partido, o PSOL. Desse total, cerca de 12 mil votos foram de eleitores gonçalenses. Com essa base de votos não seria mais fácil tentar se eleger vereador na cidade?
Professor Josemar – É um debate a se fazer no PSOL e nos partidos de esquerda com os quais estamos dialogando. A minha pré-candidatura à Prefeitura de São Gonçalo não é um projeto individual. É parte de uma perspectiva da construção de um projeto democrático, socialista e participativo na cidade. Nós do PSOL, estamos em conversas com o PCdoB para composição de uma aliança programática. É necessário uma nova forma de fazer politica na cidade. O primeiro passo é mudar o Executivo e o Legislativo.
Lado de Cá – Como professor universitário e de ensino médio, quais são suas propostas para o setor na cidade? Como fazer alguma coisa pela Educação municipal, mesmo sem fazer parte de uma base do governador ou do presidente da República?
Professor Josemar – A Educação é prioridade. A valorização dos profissionais do setor, colocando em prática o plano de cargos e salários da categoria, é fundamental. Esses profissionais precisam ser valorizados pela sua formação e tempo de serviço. Destinar 25% do orçamento para a Educação tem que ser uma prioridade. Garantir as eleições diretas para diretores é um ponto de partida para estabelecer um diálogo democrático com professores e servidores dentro das escolas e creches, além da comunidade. Vamos garantir a lisura e transparência na aplicação das verbas da merenda. Do ponto de vista pedagógico, defendemos o horário integral com a inclusão de disciplinas que estimulem o conhecimento artístico, literário, esportivo, ambiental e local.
Lado de Cá – O senhor já foi filiado ao PT, de onde saiu em 2003 para ingressar no PSOL. Como vê a reaproximação entre algumas lideranças dos dois partidos, hoje, diante do quadro político que vive o país?
Professor Josemar – Nós do PSOL temos duas responsabilidades centrais neste momento. A primeira é a de criar um amplo movimento que lute contra Bolsonaro e suas medidas antidemocráticas e antipopulares. A segunda tarefa é criar um polo socialista e de massas, que organize a classe trabalhadora em suas lutas. É preciso impedir que reformas que retiram direitos sejam aprovadas. Neste sentido, não acho ruim qualquer dialogo nesta direção, desde que não seja um rebaixamento de programa ou enquadramento de aliados.
Lado de Cá – Se confirmada sua candidatura à Prefeitura de São Gonçalo, será sua quarta tentativa seguida ao cargo. Por que a insistência? O senhor estaria tentando repetir o Lula, que tentou quatro vezes a presidência antes de ser eleito? Um exemplo de persistência?
Professor Josemar – (risos) … Como abordei anteriormente a minha pré-candidatura à Prefeitura não é um projeto pessoal e sim coletivo. Queremos melhorar a situação da educação do nosso município. A ampliação dos postos de saúde, com atendimento 24 horas e expansão para dentro das comunidades. Isso é fundamental. No setor de transportes e mobilidade urbana, queremos legalizar as linhas alternativas e reordenar as rotas de ônibus da cidade, pondo fim ao cartel. Entendemos como fundamental ampliar os serviços básicos e a expansão de uma ampla rede de assistência social. Construíremos uma nova São Gonçalo, onde o trabalhador tenha vez e voz.
Lado de Cá – A pandemia do coronavírus está causando um impacto na vida das pessoas e as desigualdades econômicas tendem a se agravar na pós-pandemia. Caso sua candidatura se confirme o senhor seja eleito, como será governar a cidade na pós pandemia, com queda de receita e uma multidão de desempregados?
Professor Josemar – A pandemia é mundial. Suas soluções mais estruturais estão no amplo debate nacional. O investimento público em saúde deve ser ampliado; a renda básica deve ser mantida; e a isenção das tarifas de água e luz para a população mais carente é fundamental. Aqui em São Gonçalo, garantir para toda população, material de higiene e limpeza, combinado com ampla campanha de conscientização sobre a transmissão da doença é muito importante. É preciso dar incentivo material e financeiro a pequenos comerciantes, mini produtores agrícolas, artesãos e ambulantes, que foram prejudicados com a pandemia. É necessário também, suspender a cobrança de crédito consignado dos servidores públicos. Isto sem falar da garantia de uma cesta básica decente para os estudantes.