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São Gonçalo
sexta-feira, abril 26, 2024

Eu bem que podia falar das duas derrotas do Flamengo no Campeonato Brasileiro, uma por 1 a 0, contra a Atlético Mineiro e outra por 3 a 0, contra um outro Atlético, o Goianiense.

Me deu vontade de comentar a vitória contra o Coritiba, no sábado, a primeira de Domènec Torrent, quando o mesmo afirmou na coletiva:”Jogamos como o Flamengo do ano passado”.

Poderia também, falar de Rafinha, que deixou o clube para ganhar três vezes mais no Olympiacos, da Grécia, e a boa fase do Vasco na competição nacional.

Como podem ver, assuntos não faltariam para a coluna dessa semana.

Mas nada foi tão relevante nessa semana do que falar da menina de 10 anos e que engravidou do tio de 33, na cidade de São Mateus, no Espírito Santo.

Mas mesmo que a gestação da criança tenha sido interrompida nesta segunda (17), e o tio sendo capturado e preso na cidade de Betim, em Minas Gerais, na madrugada de terça-feira (18), este caso merece nossa reflexão.

Merece também enumerarmos por tópicos as atrocidades, que esse nefasto caso mostra.

Primeira Atrocidade: violentar sexualmente uma menininha de 6 anos!

Segunda Atrocidade: continuar violentando sexualmente uma menininha dos 6 aos 10 anos!

Terceira Atrocidade: engravidar uma menina de (apenas) 10 anos!

Quarta Atrocidade: ter que esperar a Justiça brasileira autorizar o aborto legal previsto em Lei – Código Penal brasileiro – desde 1940!

Quinta Atrocidade: ter que passar pela revitimização, narrando essa história triste, estarrecedora, macabra, e bizarra por todas as instituições por onde essa menina de 10 anos passou (o que deveria circular – em absoluto sigilo – era o seu Protocolo)!

Sexta Atrocidade: uma ‘ministra’ de Estado encaminhar sua equipe ao domicílio dessa criança para convencê-la a não abortar!

Sétima Atrocidade: um Hospital Universitário – referência em abortamento legal em Vitória, no Espírito Santo – negar atendimento à menina de 10 anos!

Oitava Atrocidade: a menina e sua avó serem obrigadas a viajar mais de 2 mil km para realizar o procedimento em segurança, num Hospital do Recife, em Pernambuco!

Nona Atrocidade: elas precisarem entrar no hospital escondidas no porta malas de um carro, como se estivesse ela (a menina), cometendo algum crime, enquanto fundamentalistas as aguardavam na Portaria!

Décima Atrocidade: fundamentalistas religiosos com apoio de parlamentares gritarem ‘assassina’ para uma menina estuprada, desde os 6 até os 10 anos de idade!

Décima Primeira Atrocidade: uma fundamentalista criminosa, publicar o nome e o endereço da criança no Twitter!

Décima Segunda Atrocidade: pessoas ‘orando’ na portaria do hospital e pedindo que o procedimento não se realize!

Décima Terceira Atrocidade: acordamos no dia seguinte de todas essas outras doze atrocidades anteriores e seguimos nossas vidas normalmente.

O Brasil, a sociedade e as autoridades, inverteram os papéis.

Não estamos falando de um aborto apenas, mas sim de um bebê gerado no ventre de uma criança de apenas 10 anos de idade.

Menina esta que perdeu sua infância, seus sonhos, sua pureza infantil e o direito de sonhar.

O medo, a insegurança, a maternidade (precoce em todos os sentidos), acompanharão sua vida a partir de agora.

Meu repúdio a todos e minha solidariedade aos movimentos feministas de Recife, que foram solidários com a dor e sofrimento dessa menina e ao promotor da Infância e Juventude de São Mateus, situada ao norte do Espírito Santo, Fagner Andrade Rodrigues, que vai dar assistência à criança e à avó.

Enquanto o câncer, aids, alzheimer, covid-19 e tantas outras doenças vão matando pessoas sem dó e piedade, a inversão de valores e a perda deles, continuam nos matando dia a dia.

Triste constatação.

O Brasil, morreu faz tempo!

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