Vivendo em uma comunidade pobre de São Gonçalo, com problemas familiares e nenhuma perspectiva de futuro, Jeferson Antunes tinha tudo para seguir o perigoso caminho do tráfico de drogas. Mas bem cedo ele escreveu uma história de vida diferente ao ser apresentado para o mercado financeiro e aos 19 anos já acumula uma fortuna. Sua missão, atualmente, é mostrar a outras pessoas que é possível ter sucesso ainda na juventude.
“O favelado treina na tempestade e o seu mundo é uma chuva”, filosofa Jeferson, que acumula milhões de reais como trader, o profissional que se dedica a comprar e a vender ações nas bolsas de valores.
Quem vê o profissional do mercado financeiro parar o seu Mercedes-Benz Classe C 200, avaliado em R$ 130 mil, na Rua Expedicionário Jorge da Costa Lima, na Favela da Cerâmica, Jardim Alcântara, não imagina o que ele passou.
Ex-vendedor de sacolés e ex-lavador de carros, Jeferson abandonou os estudos, enfrentou a dolorosa separação dos pais, a ausência de oportunidades no mercado de trabalho formal e a crônica falta de dinheiro em casa para o mais básico, como alimentação, antes de aprender a dominar uma área profissional onde poucos têm a sua idade e origem.
“Eu fui favelado, tive estrutura de favelado, recursos de favelado, mas graças ao meu tio Luiz Paulo, que me projetou no mundo do network por meio de filmes, séries, músicas e livros, ganhei um conhecimento além do que um favelado poderia ter”, agradece.
Caçula de quatro irmãos, cria do bairro Almerinda e ex-morador da Cerâmica, o jovem vendia sacolé na Praia de Camboinhas, na Região Oceânica de Niterói, há apenas dois anos. Foi nessa época que ele despertou para o mundo network (“net” é rede e “work”, trabalho) dos negócios.
“Em Camboinhas, ninguém me dava atenção. Comecei a vender sacolé na Praia da Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio) para alçar voos maiores e conhecer o mundo network das oportunidades, das pessoas”, recorda.
E foi assim, com muito esforço e curiosidade, que certa vez se surpreendeu ao ver um banhista chegar a bordo de um Porsche vermelho e comprar um sacolé. “Eu perguntei o que ele fazia para ter um carrão daqueles. Ele disse que trabalhava no mercado financeiro. Foi então que me interessei por isso”, explica, acrescentando que juntou todas as suas economias para investir em ações.
Em dezembro de 2019, com R$ 3.500 na conta bancária, tirou a mãe de uma casa simples e fez a mudança dela para outra mais confortável, na Cerâmica. Apesar de o filho estar começando a prosperar, ela preferiu não sair da comunidade.
“Foi quando comecei me estabilizar no mercado financeiro”, lembra.
Morando atualmente em um apartamento de frente para o mar da Barra, o jovem trader ainda quer realizar muitos sonhos. “Tenho algumas coisas para fazer na vida, como tornar o mercado financeiro acessível a todo morador de favela, proporcionar sempre que puder uma tarde com amigos de infância levando o pessoal para andar de jet-sky e comer em uma churrascaria e trazer o MC Maneirinho para fazer um show aqui na Cerâmica”, planeja.
Trabalhando somente quarenta minutos por dia, entre perdas e ganhos na arriscada gangorra da bolsa de valores, Jeferson Antunes espera servir de exemplo para jovens pobres de comunidades que buscam o mesmo que ele: prosperidade.
“Estou criando no meu canal, “Jeferson Antunes”, no YouTube, um quadro chamado ‘Favelado Aqui Opera’, que vai poder tirar pessoas da vida do crime. Isso não tem preço”, ressalta o gonçalense, fã do trader russo Alexander Elder, considerado o papa do mercado financeiro.
Sobre quanto ganha por mês, ele despista: “Dá para viver bem e ter uma vida boa para um jovem de 19 anos”, conclui.
