O assassinato do pastor Anderson do Carmo, em Niterói, teve mais um capítulo nesta quarta-feira (31) com o depoimento da delegada Bárbara Lomba ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Ela foi responsável pela primeira fase das investigações do crime, ocorrido em julho de 2019. A policial reafirmou que uma disputa de poder dentro da família motivou a morte do marido da deputada federal Flordelis, acusada de ser a mandante.
O processo do Conselho de Ética apura se Flordelis praticou quebra do decoro parlamentar, o que pode custar o seu mandato.
No depoimento, Bárbara Lomba disse que havia um núcleo de pessoas na família muito próximo da deputada, que tinha uma revolta contra o pastor Anderson do Carmo pela maneira como ele controlava e dirigia a vida da parlamentar, incluindo seus discursos e declarações públicas.
A sede por bens e recursos financeiros também pode ter influenciado no assassinato do pastor. A defesa de Flordelis nega que ela seja mentora do crime ou tenha dado a ordem de execução, afirmando ainda que uma das filhas já assumiu que é a mandante e que um dos filhos confessou que atirou em Anderson.
“A motivação final certamente passa por poder. Provavelmente também dinheiro, recursos materiais. Mas poder e invasão de tudo, uma vida, por parte da vítima. Tudo indicava que havia já um substituto da vítima e ela havia percebido isso”, afirmou a delegada.
“Ninguém diz diretamente que teria havido uma ordem explícita da deputada para a execução do crime. Há depoimentos de que a deputada dizia que não aguentava, que isso tinha que ser resolvido de alguma forma. Havia uma reclamação velada, mas não uma ordem direta”, afirmou a delegada.
O depoimento, prestado por videoconferência, demorou quase três horas e foi interrompido pelo começo da ordem do dia no plenário. Outra sessão vai ser marcada e Bárbara Lomba vai complementar seu depoimento. O delegado Allan Duarte Lacerda, que a substituiu nas investigações, também vai dar seu depoimento aos deputados.
