Fala pessoal!

Na nossa coluna de hoje vamos falar um pouco sobre pessoas com deficiência e o mercado de trabalho, eu comecei a trabalhar com 17 anos como jovem aprendiz, e desde essa idade as vezes eu sou abordado por conhecidos perguntando sobre a minha relação com o trabalho, por conta da minha deficiência, por isso acho importante falarmos disso, até para que mais pessoas saibam sobre o tema.

“Como você consegue emprego?”, “Como você digita?”, “Se o empresário tiver
que escolher entre alguém que tem as duas mãos e você, quem ele escolhe?” são
algumas das frases que eu já ouvi e quem não é parente ou convive com uma pessoa
com deficiência realmente vai ter essa dúvida, até mesmo alguns PCDs desconhecem os seus próprios direitos.

 

O artigo 93 da lei 8.213/91 trata da lei de cotas para pessoas com deficiência no
mercado de trabalho, toda empresa com mais de cem funcionários é obrigada a ter de 2 à 5% do seu quadro de funcionários formado por pessoas com deficiência, essa lei deu a muitas pessoas com deficiência, como eu, a oportunidade de ter um emprego digno em pé de igualdade com qualquer outro cidadão, uma vez que se não existisse essa lei, infelizmente, talvez muitos empregadores não nos chamariam nem pra entrevista de emprego e não conseguiríamos provar nossa capacidade.

Eu mesmo, já trabalhei em dois bancos multinacionais, já fui jovem aprendiz
em uma grande universidade, já fui operador de telemarketing em uma seguradora e na central do 190 da PM, já fui assistente administrativo, até mesmo assistente de uma artista internacional e atualmente trabalho em uma multinacional de tecnologia, tudo isso com 29 anos de idade, a maioria dessa oportunidades veio até mim graças a lei de cotas, não foi favor, não foi “coitadismo”, foi oportunidade de eu mostrar o meu
potencial, o mesmo que eu acredito que toda pessoa com deficiência tenha.

Infelizmente, a lei ainda é muito básica, uma vez que algumas empresas escolhem
profissionais de determinado tipo de deficiência invés de dar uma chance a todos, muitas vezes por questões de suas empresas não estarem preparadas em termos de acessibilidade para determinada deficiência, outros PCDs precisam de algum tipo de tratamento ou ferramenta, as empresas também levam tudo isso em consideração na hora de escolher quem contratar, eu acredito que essa “opção” leva as pessoas com determinados tipo de deficiência terem ainda muita dificuldade de conseguir um emprego, pode levar até mesmo a depressão ou até mesmo recorrer aos benefícios sociais, com isso, além dela não explorar todo o potencial que ela tem, de certa forma, pode acabar excluindo, ao invés de incluir.

Gostaria de trazer essa reflexão agora para a nossa cidade, São Gonçalo, sabia
que mesmo eu trabalhando em todas essas empresas, ter tido (graças a Deus) muitas oportunidades graças a lei de cotas, eu nunca consegui trabalhar na cidade de São Gonçalo. E o motivo disso, acredito eu, seja a falta de fiscalização da lei de cotas na cidade, não temos nenhum programa municipal que ao menos leve tanto ao empresário como às pessoas com deficiência da nossa cidade a informação sobre essa e outras legislações, sobre a importância da inclusão e fomente esse tipo de politica
aqui. Uma cidade que inclui e aproveita o potencial das pessoas com deficiência é uma cidade no caminho do desenvolvimento, e por enquanto não é o caminho que estamos, pelo menos no que diz respeito a PCDs.

Para terminar, gostaria de chamar a atenção para uma medida provisória que o
governo federal estaria preparando para enviar ao congresso nacional que visa alterara lei de cotas, a proposta visaria que o empresário invés de empregar pessoas com deficiência como já tido anteriormente possa optar entre nós OU jovens de até 29 (vinte e nove) anos egressos do sistema de acolhimento.

O ministério dos direitos humanos diz que a proposta ainda vai ser debatida com representante das pessoas com deficiência e ainda não foi submetida ao congresso, porém, temos que ficar atentos, o certo é cada um ter o seu programa, não fazer opções entre um ou outro, isso pode trazer mais exclusão ainda.

Grande abraço a todos!

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