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quinta-feira, abril 25, 2024

Jovem é vítima de racismo no dia do seu aniversário, no hipermercado Extra de Alcântara

No dia em que completava mais um ano de vida, o estudante de gastronomia Bernardo Marins, de 20 anos, recebeu um “presente de grego” de funcionários do Hipermercado Extra, de Alcântara, em São Gonçalo. Bernardo foi vítima de mais um episódio de racismo na tarde da última terça-feira (18).

A intenção do jovem era comprar ingredientes que usaria no próprio bolo de aniversário. No entanto, ao entrar no estabelecimento, Bernardo notou que um segurança começou a segui-lo e enviar mensagens de rádio pedindo para outros seguranças do estabelecimento analisassem nas câmeras se ele havia roubado alguma coisa.

“Chamei o gerente e falei com o ele sobre o ocorrido. Ele me garantiu que não era racismo e que o segurança só estava andando pelo mercado. Fiquei indignado, pois o gerente fez pouco caso da minha reclamação e, por isso, resolvi ir embora. Saindo do mercado o segurança veio atrás de mim, me chamou de ‘ladrãozinho’, virou as costas e saiu”, contou, revoltado.

Mesmo disposto a ir embora, as ofensas não pararam por aí: “Eu fui até ele perguntar qual é o problema e o porquê dele estar me acusando de roubo sem provas. Pedi para que me revistasse e ficamos discutindo até que ele me perguntou se eu achava que ele era cego, insinuando que eu tinha pegado algo. Fui até o gerente novamente e pedi para me revistarem e que provassem que eu tinha roubado algo, mas não quiseram me revistar. Em seguida, o gerente saiu em defesa do funcionário e, pior, me perguntou se eu frequentava o mercado porque ele poderia estar atrás de mim por já ter marcado a minha cara”, afirma.

Se sentindo humilhado, Bernardo se encaminhou à 74ªDP, em Alcântara, para fazer o registro, mas os agentes negaram o pedido. A Dra. Danielle Coutinho e o Dr. Bruno Cândido, seus representantes legais, estiveram na manhã desta segunda-feira (24), na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI), no Centro do Rio, e deram entrada no requerimento de instauração de inquérito.

O Lado de Cá, entrou em contato com o Hipermercado Extra, que por meio de nota nos respondeu.

Nota na íntegra:

“A rede informa que, tão logo tomou conhecimento sobre o ocorrido, no dia 19 de agosto, acionou imediatamente a loja de Alcântara, iniciando assim um processo interno de apuração. A empresa conseguiu contato com o cliente Bernardo no último dia 20 para se desculpar pela situação vivenciada por ele na loja e incluí-lo no processo de averiguação dos fatos. Até que este processo seja concluído, a rede optou pelo afastamento temporário do funcionário citado pelo cliente. O Extra não orienta os funcionário para qualquer tipo de atitude discriminatório ou desrespeitosa, inclusive condena a mesma em seu Código de Ética e na política de diversidade e direitos humanos da rede. A empresa disponibiliza um canal para recebimento e apuração de denúncias que infrinjam o Código de Ética da Companhia e também participa da Coalização Empresarial pela Equidade Racial e de Gênero, que estimula a implementação de políticas e práticas empresariais no campo da diversidade. Desde 2017 tem uma agenda formativa sobre o tema. Em 2018 implantou um grupo interno de Afinidade de Equidade Racial, formado por colaboradores(as) negros(as) e não negros(as) comprometidos em construir com a empresa um ambiente de trabalho cada vez mais inclusivo e de promoção da equidade racial. Qualquer denúncia contrária a orientação e às políticas da cia sobre este tema,  é rigorosamente apurada e, se comprovada a veracidade, são tomadas todas as providências necessárias”.

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