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quinta-feira, abril 18, 2024

A história de Marcelo “Fala Jow”, o vendedor de panos que faz rimas no sinal em Alcântara

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Os motoristas que saem da RJ-104 em direção ao Centro de Alcântara e passam pelo sinal da Rua Tiago Cardoso, entre às 6h30 e 13h, não demoram muito a perceber que, naquele local, trabalha um camelô que vende pano de uma maneira bem diferente de todos os outros. Há 30 anos no mesmo ponto, Marcelo Gonçalves de França, de 51 anos, talvez nem olhe se você chamá-lo pelo nome, mas certamente irá responder com alegria se você gritar “fala, Jow!”.

De tanto usar o bordão consagrado, o morador do bairro Jardim Miriambi, também em São Gonçalo, o vendedor de panos ficou famoso na região como Marcelo “Fala Jow”. O apelido vem da época que trabalhou como MC e se estendeu para seu trabalho como ambulante nas ruas, onde ele une o amor pela música à labuta diária, vendendo os panos e improvisando rimas para os fregueses. “Desde criança, com 12 e 13 anos, eu já cantava rap nos bailes, já cantei rap na maioria dos clubes de São Gonçalo”, conta Marcelo.

O ganha pão diário também começou no fim da infância para o início da adolescência.

“Eu estava desempregado, fui procurar emprego, só tinha 5 reais na carteira. Na época, um saco de bombom Serenata do Amor era R$4,50. Comprei, aí fui ganhando dinheiro e comprando outros produtos”, conta Marcelo.

Entre as mercadorias que já vendeu estão balas e refrigerantes, mas há 19 anos ele passou a vender apenas seus panos.

O ofício de vendedor dividiu espaço com a carreira artística que já contou com participações em show de diversos artistas famosos. “Quando fazia shows, cheguei a cantar com Mc Marcelly, MC Tarapi, com MC Bobô, MC Marcinho. De vez em quando eu trabalho em festas e eventos, mas depois que o Claudinho faleceu eu parei de fazer shows à noite. A madrugada é muito traiçoeira”, relembra Jow.

O talento de show chegou até um programa de televisão no Ceará. Marcelo viveu no estado nordestino entre 2008 e 2013 e, lá, foi chamado para participar do “Programa do Jacaré”, um dos programas mais famosos da TV Diário. “Fui fazer uma viagem e o Jacaré me conheceu na Praça da Imprensa. Eu fiz uma rima, ele gostou e me levou para cantar no programa dele, junto com uma dançarina. Foi uma experiência muito boa”, diz Marcelo.

No Ceará, deixou três dos onze filhos e dois enteados que tem. Para sustentar a família ele vende seus panos, mas também garante seu dinheiro com as rimas no sinal e participações em inaugurações de lojas e festas, onde sempre ouve a voz do povo lhe chamando: “fala, Jow!”

“É tanto Jhow! É motorista, passageiro, pedindo rima e a gente improvisa na hora. Minha felicidade é minha arte, não tenho tristeza, o que eu tiro hoje dá para viver bem, alimentar a minha família, então vivo feliz”, conclui.

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