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sexta-feira, abril 26, 2024

“O investimento é feito pensando na Maricá de hoje e na cidade que teremos daqui a 20 anos”, diz secretário de Segurança Pública do município

Nomeado em novembro do ano passado para ser o novo comandante da recém-criada Secretaria de Ordem Pública e Gestão do Gabinete Institucional de Maricá, o tenente-coronel da PM, Júlio Cesar Veras Vieira, recebeu, na última quinta-feira (22), na sede da GGI, em Maricá, a equipe do Portal Lado de Cá.

Na entrevista de aproximadamente uma hora, na sala de monitoramento, o secretário falou sobre o desafio de dirigir uma pasta de grande relevância como a da Segurança Pública, na cidade que hoje conta com pouco mais de 161 mil habitantes.

Entrevista

Lado de Cá – O senhor deixou o comando do 28°BPM em Volta Redonda e viajou quase 180 km para chegar aqui em Maricá, em novembro do ano passado. Como surgiu o convite para assumir a Secretaria de Ordem Pública e Gabinete Institucional do município?

Tenente-Coronel Júlio Veras – Acho que foi por minha experiência na área como Superintendente, Corregedor, Diretor, Comandante do 3º BPM no Méier, e do 28º BPM em Volta Redonda, além de Chefe da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar. Acredito que, por ter expertise, tenha surgido o convite para assumir esta pasta em Maricá, no qual aceitei prontamente. Hoje estou feliz com a minha escolha. Sou oriundo do Rio de Janeiro e, quando trabalhei no Sul Fluminense, foi um grande desafio. Lá, fiquei aproximadamente um ano, uma experiência muito boa, em que tive a oportunidade de conhecer o interior do Estado, onde ainda não tinha tido a oportunidade de trabalhar em outros municípios que não a Capital. Isso me ajudou a entender da política municipal e da gestão pública, já que lá eu era comandante de um batalhão que contemplava quatro municípios. O maior deles foi Volta Redonda, que tem uma população de 300 mil habitantes.

Lado de Cá – Logo no primeiro mês à frente da pasta, o senhor colocou o pagamento do Programa Estadual de Integração de Segurança (PROEIS) em dia. De lá pra cá, se passaram quase oito meses. Como está a situação desses policiais?

Tenente-Coronel Júlio Veras – O Proeis é nossa prioridade sempre. Nós não abrimos mão disso e o órgão sempre comunica isso em suas redes sociais, que somos o primeiro a pagar nos cinco dias úteis do mês. Quando isso não acontece, não é um problema da Prefeitura e sim da Secretaria de Fazenda do Estado, que não repassa os valores. Mas a nossa prioridade, junto com o coordenador do Proeis, Coronel Camargo, é que logo que o ciclo se feche, no dia 4 de cada mês, a minha equipe desça ao Rio de Janeiro, faça toda a conferência e a Prefeitura e o secretário de Governo tenha ciência disso, que tal logo chegue a data, ele dá o ok e o controle de pagamento é feito. De fato, nós pegamos aqui justamente em novembro, e não quero falar sobre o que passou, mas talvez, por conta da transição, a equipe que estava saindo não tenha tomado as medidas necessárias. Mas no mês subsequente, a gente já acertou e, desde então, não deu mais problemas.

Lado de Cá – Ter assumido a Secretaria de Ordem Pública e Gabinete Institucional aqui em Maricá é o maior desafio na sua vida profissional?

Tenente-Coronel Júlio Veras – Olha, talvez seja, mas eu sempre assumi desafios profissionais desde muito cedo. Quando era Tenente, fui coordenar a Inteligência de uma Secretaria de Estado, o meu primeiro grande desafio. Depois disso, ainda jovem, fui convidado a assumir a Corregedoria do Sistema Penitenciário, que é extremamente complexo, e foi outro grande desafio. Fui o primeiro Corregedor do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), em 2009, onde as extintas Feema, Serla e IEF, instituições que existiam há 35 anos, nunca tinham trabalhado com uma corregedoria. Tive também o desafio de comandar o 3° BPM do Méier, após o assassinato de seu comandante, Coronel Teixeira, no Lins de Vasconcelos, e, por ser o meu primeiro coman do operacional foi mais um desafio. Então, a cidade de Maricá, é mais um, dentre tantos, e por isso, talvez tenham lembrado do meu nome. Eu tenho como características, assumir desafios e fazer acontecer e, quando eu digo ‘eu’, é lógico que me refiro à equipe com quem trabalho. Sem dúvidas que, cuidar de uma cidade e ser Secretário de Ordem Pública, me deixa feliz. Tenho a consciência da nobreza da nossa missão e a gente tenta desempenhá-la da melhor maneira possível. Por tudo isso que enumerei, se torna sim, mais um grande desafiona minha carreira e estou gostando muito. E quero dizer para os maricaenses, que estou feliz em estar aqui, no qual a gente faz o que gosta e da melhor maneira possível.

Lado de Cá – Ano passado, o esquema de policiamento no réveillon da cidade teve 260 policiais militares e 29 viaturas e foi considerado satisfatório. O senhor já começou a planejar as festas do fim desse ano? Com a pandemia da Covid-19 terá festa de reveillón?

Tenente-Coronel Júlio Veras – Estamos aguardando os acontecimentos e, quando cheguei aqui, ano passado, além do salário atrasado do Proeis, encontrei uma Guarda Municipal extremamente desestimulada e desestruturada, onde haviam três viaturas apenas em estado insatisfatório, bem precário mesmo, que não tinham sequer uma identidade visual apresentável, e que, por muitas vezes, se confundia com o Proeis, que à época, tinha seis viaturas. Foi um período em que se confundia muito o serviço da Segurança com a Ordem Pública. No entanto, demos identidade visual aos carros desses órgãos, passamos de três para dezessete viaturas e usamos layouts novos. Hoje, por exemplo, o cidadão passa e sabe que aquele determinado veículo é da Guarda Municipal e que está ali, onipresente na cidade. Na verdade, a nossa Guarda Municipal não era vista, e hoje, tenho certeza, que se fizermos uma pesquisa em nosso município, a população vê a Guarda Municipal com bons olhos. Foi um grande desafio fazer a corporação ocupar um espaço que sempre foi deles e que existia esse vazio. Isso é uma conquista crescente. Já as barreiras sanitárias foi um outro desafio, em razão da pandemia. Chegamos aqui na inauguração do Natal Iluminado e no Réveillon, sem qualquer condição e, graças a Deus, os dois, tiveram sucesso. Mas acredito que o nosso divisor de águas foi no Carnaval e te dou como exemplo o Bloco da Farinha, em Ponta Negra, que existe há 40 anos e vinha, desde então, causando transtornos na região. Nós conseguimos fazer com que ele não saísse por meio de liminar, numa decisão judicial, e também organizamos o Carnaval da cidade. Antes, qualquer um botava seu bloco na rua e, depois que assumimos, isso mudou. Passamos a exigir toda a documentação para que os foliões pudessem se divertir com segurança. Pois entendemos que o dono do bloco tem a responsabilidade em me dizer o número de pessoas, se existe uma segurança, a existência ou não do banheiro químico, se o carro do som está legalizado e tudo isso não era observado na cidade. Quando chegamos no Carnaval de 2020 já foi diferente e, quando pensamos em começar o planejamento para o aniversário da cidade, em maio, e as festas subsequentes, como as de fim de ano, veio a pandemia. As Secretarias de Saúde e de Ordem Pública foram as únicas que continuaram funcionando 24h e trabalhamos ainda mais, com nossos heróis da Saúde, da Guarda Municipal e do Proeis, que foram incansáveis na orientação à população sobre o isolamento social, com o objetivo único de preservar as vidas em Maricá.

Lado de Cá – No começo desse mês, a Secretaria de Ordem Pública e Gabinete Institucional (SEOP) fez um levantamento comparativo sobre a violência no município entre os anos de 2019 e 2020. Houve queda nos principais indicadores de violência de Maricá. A fonte da pesquisa é o Instituto de Segurança Pública (ISP) do estado. Pergunto: a que o senhor atribui a melhoria nos números na cidade?

Tenente-Coronel Júlio Veras – Primeiro, a integração. Digo, a integração de todos os órgãos, é fundamental. Quando cheguei em Maricá, a notícia era que essa Secretaria de Ordem Pública não se comunicava com a Guarda Municipal e havia muito ruído na comunicação com a Polícia Militar do Rio de Janeiro e com a 82ª Delegacia de Polícia. O que nós fizemos foi integrar e a comunicação total com a 6ª Companhia Destacada em Maricá, com a Polícia Civil, com os guardas municipais e com o Proeis. Então, isso nos ajudou muito, essa integração certamente foi positiva. Temos hoje, só de PMs do Proeis, uma média de 90 homens por dia, podendo chegar a 120. Eu comandei batalhões operacionais, como o do Méier, por exemplo, e muitas vezes, não tinha esse quantitativo de 90 policiais para combater a criminalidade das 40 favelas. Na verdade, temos aqui em Maricá um verdadeiro batalhão e o efetivo do Proeis ultrapassa o que a 6ª Companhia Destacada em Maricá, tem diariamente. Tenho a certeza de que essa integração e uma Guarda Municipal mais atuante, cumprindo seu papel em pequenos delitos, presente nas ruas, com esse sistema de monitoramento aqui, é um pente fino. O camarada sabe que, ao entrar aqui na cidade, não vai passar batido. Somos os olhos em toda a cidade e a tecnologia nos ajudou muito nisso. Eu não tenho dúvidas que, muitos desses números, se devem à cooperação do município de Maricá. Esse entendimento é dever de todos e o município tem que estar presente nisso. O aporte financeiro no Proeis, que não é barato, demonstra que, na verdade, segurança não é um gasto e sim um belo de um investimento. Estamos investindo para o bem da qualidade de vida da nossa população.

Lado de Cá – Maricá é uma cidade que tem crescido muito. Quais são os planos do senhor na área da segurança pública para acompanhar esse crescimento?

Tenente-Coronel Júlio Veras – Estamos pensando grande. Não estou pensando em Maricá apenas bem monitorada, buscando a melhor tecnologia que existe no mundo para trazer para cá, com concursos públicos sendo realizados, da integração com municípios vizinhos, e etc. A gente quer que Maricá, vire referência em Ordem Pública e Segurança Pública Municipal.

Quando se pensa nisso, não é para a Maricá de hoje, mas para a Maricá de 20, 30 anos. Porque os investimentos são para nossa cidade receber, provavelmente, um porto, um resort, um aeroporto, empresas off-shores e sabemos que vai movimentar muito a cidade, principalmente em relação ao crescimento populacional.

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