Duas venezuelanas que se refugiaram em São Gonçalo são as protagonistas do curta-metragem brasileiro “Não Olhe Para Trás”. O filme foi um dos indicados para o Short Film Corner (SFC), uma área do mercado do renomado Festival de Cannes que é voltada para a divulgação da produção cinematográfica em curta-metragem em todo o mundo.
As atrizes Nazaret Gonzáles, de apenas 15 anos, e sua mãe, Norma González, são as estrelas do filme que conta a história de uma menina de 16 anos, venezuelana grávida de 8 meses que tem apenas 24 horas para atravessar a fronteira com o Brasil e fugir das altas estatísticas de mortalidade das gestantes e dos bebês venezuelanos.
O curta é dirigido pela cineasta Malu Portela que, além das formações na New York Film Academy/EUA e na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no centro do Rio de Janeiro, também tem passagem pela Universidade Federal Fluminense, em Niterói.
Nazaret e Norma, que estão no Brasil há quatro anos, são mãe e filha na vida real e na dramaturgia. Hoje elas moram no bairro de Curicica, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas a primeira residência de mãe e filha no país foi em São Gonçalo, onde viveram por três anos. “Minha relação com o Brasil é muito boa, o povo brasileiro é muito bom. As pessoas nos ajudaram e eu agradeço muito a Deus por ter colocado essas pessoas no nosso caminho”.
A escolha para o papel não foi por acaso. A diretora procurava por atrizes com o perfil de uma menina que tinha exatamente as mesmas características da jovem atriz. Nazaret sempre sonhou em ser modelo e atriz e ligou para a organização Caritas pedindo ajuda para fazer um book de fotos. Durante a ligação, soube do teste para o curta-metragem, participou da seleção e ganhou a chance de fazer a personagem.
O filme foi gravado em novembro e as gravações duraram 6 dias e os desafios das duas na nova profissão foram superados pela preparação de Nazaret e Norma com o ator Jorge Silpem. “Quando eu e minha mãe recebemos a notícia do papel começamos a chorar. Foi uma experiência incrível, eu sempre sonhei com a carreira de atriz, mas nunca imaginava que participaria de um filme como protagonista tão rápido”, conta com empolgação.
A participação no curta-metragem premiado estreitou ainda mais os laços entre mãe e filha. Nazaret conta que ela e a mãe quase não acreditaram quando viram a manchete que o filme havia sido indicado a um festival internacional. “Nós começamos a gritar em casa de felicidade, eu dizia para minha mãe que ia desistir da carreira e ela sempre me dizia para acreditar nos meus sonhos.
Passada a alegria da notícia é hora de aguardar a exibição do filme e pensar no futuro. O Festival e os planos de seguir com a carreira foram adiados para 2021 por conta da pandemia da Covid-19. “Me matriculei em um curso de teatro pouco, mas infelizmente, com a chegada da pandemia tive que adiar o início das aulas. Mas assim que esse período terminar, eu pretendo seguir no ofício que amo”, conclui.