A pandemia do novo coronavírus tem trazido desafios ainda maiores às periferias de todo o mundo. Se a desigualdade já afetava esses locais em tempos normais, no “novo normal” as dificuldades com um orçamento menor se multiplicam.
Formando a base da pirâmide que sustenta essas localidades e a sociedade como um todo estão as mulheres negras, que além dos problemas diários comuns, são obrigadas a enfrentar diariamente o racismo e o machismo.
Foi pensando em reduzir essas desigualdades que cinco mulheres negras criaram o “Por todas nós” (@coletivoptn), um coletivo feminista que ajuda mulheres em situação de vulnerabilidade no Jardim Catarina, em São Gonçalo, e tem como principal atividade a alfabetização de mulheres na região.
Idealizadora e uma das coordenadoras do grupo, a professora Lorrayne Muniz conta que a motivação para a criação do coletivo veio de casa, com a ajuda da avó, que sempre teve vontade de seguir o magistério e da mãe, que após criar as duas filhas se tornou a primeira pessoa da família a concluir o ensino médio. “A ideia nasceu quando eu percebi que estava ocupando lugares que as mulheres do meu bairro não ocupavam e que elas precisavam desse apoio para também ter acesso aos debates e discussões que eu tinha”, conta Lorrayne.
Além da alfabetização, o “Por todas nós” promove rodas de conversa onde há troca de experiências e debates sobre a história de mulheres inspiradoras e suas lutas e o modo como essas histórias dificilmente são abordadas no espaço escolar e também no meio social.
Considerado o maior bairro da América Latina, o Jardim Catarina, em São Gonçalo, tem sido a localidade mais afetada pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. De acordo com os dados divulgados pela Prefeitura nesta quinta-feira (09), o Catarina concentra 846 casos de Covid-19, quase 15% dos casos registrados em todo o município.
Pensando nesse cenário, o “Por todas nós” decidiu mudar temporariamente as atividades do grupo e concentrou seus esforços em arrecadar doações para enviar kits de higiene pessoal para atender as necessidades primárias das moradoras do Jardim Catarina. Uma ação feita recentemente pelo grupo distribuiu 36 kits com itens como papel higiênico, pasta de dente, absorvente, álcool, entre outros. “A gente decidiu abraçar todo tipo de ação solidária nessa pandemia, porque é um momento grave, em que a população acaba abandonada pelos governantes e tem que se movimentar na lógica do “nós por nós”, completa Lorrayne.
Além da distribuição dos kits, o coletivo planeja outras atividades como uma doação de livros no dia das crianças, ações com moradores de rua no natal e com a população trans, se possível ainda durante a pandemia. Para isso, o “Por todas nós” precisa da colaboração de outros cidadãos gonçalenses e de outras localidades. Os interessados em ajudar podem doar qualquer quantia na conta corrente de uma das coordenadoras do grupo.
Banco do Brasil
Agência: 0850-8
Conta Corrente :43.044-7
Titular: Taiara de Souza Macedo
Quem não puder doar qualquer quantia em dinheiro pode ajudar seguindo e divulgando as páginas do Instagram do Por Todas Nós (@coletivoptn) e da Essence Influencer (@essence_influencer), que derivada do coletivo para divulgar o trabalho de empreendedoras negras.
