1994: Romário tira o nó da garganta dos brasileiros

Por Marcos Vinicius Cabral

Depois de desbancar Brasil e Marrocos na disputa para sediar a décima quinta edição de uma Copa do Mundo, os Estados Unidos – apesar da pouca experiência mas com uma estrutura extraordinária – produziram um megaevento que se tornou a maior média de público em sua história: 70 mil torcedores por partida.

Algumas novidades surgiram ali, como, por exemplo, cada vitória valeria três pontos e não mais dois e os goleiros eram obrigados a jogar com os pés em bolas recuadas e não mais com as mãos.

Porém seleções tradicionais ficaram de fora do Mundial: França, Inglaterra, Portugal e Uruguai. Poucas equipes chamavam atenção dos especialistas, pois uma Alemanha envelhecida, uma Holanda obediente taticamente, uma Bulgária e Colômbia que poderiam surpreender e uma Itália que era forte na defesa com um camisa 10 que desequilibrava chamado Baggio.

O Brasil, em um grupo fácil, com Camarões, Rússia e Suécia, o primeiro lugar era obrigação. Nas oitavas de final, contra os Estados Unidos, o 1 a 0 suado foi como se fosse uma goleada.

Nas quartas de final, um emocionante 3 a 2 contra os holandeses e, na semifinal, um gol de cabeça de Romário colocou o Brasil diante da Itália na decisão do título.

Nlo estádio Rose Bowl, em Pasadena, Los Angeles, um Brasil pragmático e com um Romário que decidia partidas, enfrentava uma Itália de solidez na defesa e com um magistral Baggio, que encantava em campos americanos.

Esperava-se um grande jogo, contudo a partida foi morna e nem lembrou se tratar de uma final entre duas grandes seleções no cenário esportivo. O empate sem gols acabou levando a decisão para os pênaltis, até que uma bola chutada para o alto por Baggio deu o tetracampeonato ao Brasil. Era a quebra de um jejum de 24 anos sem título.

Salvos pelo ‘Baixinho‘ – Os jogadores brasileiros entendiam que ficar tanto tempo sem ganhar uma Copa do Mundo seria uma marca que nenhum deles gostaria de carregar por muito tempo na carreira.

E foi pensando nisso que começaram a entrar de mãos dadas nos jogos das eliminatórias, comprovando assim que a união faz a força. O time era burocrático e, apesar de bons talentos individuais, o treinador Carlos Alberto Parreira exigia que seus comandados tivessem uma obediência tática impecável.

Na frente, Bebeto e Romário resolveriam. Sem apresentar um futebol bonito de se ver, a Seleção Brasileira foi vencendo seus jogos, e mesmo sem convencer – naquele momento o futebol era de resultados – buscar o título era o alvo a ser alcançado.

E foi isso que aconteceu nos Estados Unidos, quando todos com o mesmo ideal vestiram a camisa amarela do país e foram à luta por resultados melhores. Vale frisar que a Argentina era uma até o dopping de Maradona e se transformou em outra depois disso. Sem seu maestro, os argentinos acabaram eliminados pela Romênia, nas oitavas de final.

Portanto, depois de 24 anos, o Brasil via pela TV o narrador Galvão Bueno gritar, após Baggio isolar a bola: “Acabou!, Acabou!, Acabou!”. Realmente acabava o sofrimento na decisão por pênaltis, e a fila de cinco Copas do Mundo.

Curiosidade – Primeiro no mundo a sagrar-se tetracampeão de verdade, Zagallo ganhou as Copas de 58 e 62 como jogador, a de 70 como técnico e a de 94 como coordenador.

Fato histórico – O ano ficou marcado pela morte do piloto brasileiro Ayrton Senna, em um acidente durante o Grande Prêmio de San Marino, na Itália.

País-sede – Estados Unidos

Classificação Final

Brasil – Campeão
Itália – Vice-campeã
Suécia – 3º lugar
Bulgária – 4º lugar
Alemanha – 5º lugar
Romênia – 6º lugar
Holanda – 7º lugar
Espanha – 8º lugar
Nigéria – 9º lugar
Argentina – 10º lugar
Bélgica – 11º lugar
Arábia Saudita – 12º lugar
México – 13º lugar
Estados Unidos – 14º lugar
Suiça – 15º lugar
Irlanda – 16º lugar
Noruega – 17º lugar
Rússia – 18º lugar
Colômbia – 19º lugar
Coreia do Sul – 20º lugar
Bolívia – 21º lugar
Camarões – 22º lugar
Marrocos – 23º lugar
Grécia – 24º lugar

Mascote – Como não quiseram repetir a águia americana – foi símbolo nos Jogos Olímpicos de Los Angeles – os americanos resolveram escolher um cão e transformá-lo em mascote daquele Mundial.

Artilheiros – O búlgaro Stoitchkov e o russo Salenko fizeram seis gols cada um e dividiram a artilharia nos Estados Unidos.

Craque – Oportunista, rápido, habilidoso e com faro de gol, Romário carregou praticamente o Brasil nas costas e trouxe o título após 24 anos. Foi o grande herói do tetracampeonato nos Estados Unidos e, em meio ao futebol morno da Seleção, decidiu a favor do Brasil.

Frase – “Senna, aceleramos juntos. O tetra é nosso”! (faixa exibida pelos jogadores brasileiros no gramado)

Zebra – Um golaço de Saeed Al-Owairan decretou a vitória da Arábia Saudita contra a Bélgica, na primeira fase da Copa.

Bola – A tecnologia chegava à fabricação das bolas, que, com materiais inovadores, ficaram mais velozes nos chutes, favorecendo os atacantes e prejudicando os goleiros.

Cobertura – Pioneira em alugar dois aparelhos da marca Motorola modelo Micro TAC – invenção do americano Martin Cooper – a Rádio Globo deu mais mobilidade aos seus repórteres na cobertura em gramados americanos.

 

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